A CSU publicou ótimos números do 4T20 fechando o ano de 2020 com chave de ouro.
A companhia continuou os aprimoramentos nas suas linhas de negócios desde a mudança na sua diretoria em meados de 2019. A evolução é clara: Na comparação 2020 x 2019 e 4T20 x 4T19 todos os indicadores de desempenho financeiro melhoraram. As Receitas Liquidas cresceram + 7,8% no ano e +5,6% sobre as do 4T. Todas as suas margens aumentaram.
A companhia cresceu, reduziu proporcionalmente custos e despesas, ou seja ficou mais eficiente, e focou em produtos mais rentáveis.
O Lucro Líquido de 2020, no valor de R$ 46,8 milhões veio 74,3% maior que o de 2019. Também contribuiu para esse lucro e margem melhores a despesa financeira liquida de apenas R$ 5,5 milhões, que teve no ano uma redução de 50% sobre a de 2019..
O quadro abaixo mostra esses principais indicadores
CSU opera através de 2 unidades de negócio:
- CSU.CardSystem que engloba a CardSystem, fornecedora de soluções tecnológicas de última geração para meios de pagamento, notadamente cartões, e a MarketSystem, que integrada à CardSystem oferece soluções para fidelização e incentivo ou seja, sistemas de pontuações e “milhagem” incluindo com o marketplace de recompensas OPTe+.
- CSU.Contact que oferece soluções completas de customer experience , através de contact centers operando digitalmente e também através de pessoas
A evolução das métricas operacionais desses negócios também impressionam. O gráfico abaixo mostra a evolução do business de meios de pagamento medido através dos cartões. O crescimento não é explosivo, mas é constante.
O business de “contact center” reduziu o número de Posições de Atendimento combinado com um substancial aumento do EBITDA gerado em cada Posição. Isso confirma o que dissemos acima sobre o aprimoramento do negócio com mais eficiência e maior rentabilidade.
Endividamento e liquidez
Mantendo a sua já tradicional cautela com relação ao endividamento, a CSU terminou o ano com uma Dívida Liquida de R$ 49,4 milhões -44,5% vs. 4T19 contra R$ 89,0 milhões no mesmo período do ano anterior, significativa redução de R$ 39,6 milhões, devido principalmente ao aumento do saldo de caixa. Em relação ao trimestre anterior de R$ 27,6 milhões +78,8% vs. 3T20 , aumento de R$ 21,8 milhões, devido ao maior volume de “passivos de arrendamento” no período.
A posição de Caixa e Equivalentes era de R$ 83,7 milhões em Dez-20 frente a uma Dívida Financeira de Curto Prazo de R$ 39,5 milhões. O índice de liquidez corrente estava em adequados 1,15x.
A alavancagem continua baixa com Dívida Líquida/EBITDA de apenas 0,4x.
Em resumo, a CSU tem hoje bons produtos, crescimento baseado em negócios mais rentáveis, com uma gestão competente e entregando crescentes resultados positivos.
Depois de um 2020 tão favorável o que esperar CSU ?
Considerando-se o setor de atividade da CSU –soluções digitais e processamento de dados e informações – a companhia opera num mercado privilegiado. Em todo o mundo as empresas de negócios digitais são as que mais se valorizam. Nos EUA são elas que ocupam as primeiras posições em valor de mercado.
Mas para a CSU esse “boom” não ocorreu. Ela continua com um valor de mercado relativamente modesto frente ao que poderia se esperar de uma empresa como ela.
Para entender o tamanho da defasagem fizemos o quadro abaixo com algumas empresas listadas na B3, que operam nesses mercados digitais. Os negócios não são 100% comparáveis mas há muitas similaridades entre as 4 empresas. Todas trabalham com soluções digitais e seus clientes são outras empresas. Os valores estão em milhares de R$:
Números são de Dez-20 para a CSU e Set-20 para as demais. Há a defasagem de 1 trimestre, mas neste caso a “vantagem é da CSU”. Ainda assim o desconto do preço da CSU fica evidente.
A Locaweb, com receitas e EBITDA praticamente iguais e lucro líquido 35% menor vale quase 24 vezes mais. A Sinquia com receitas menos que a metade e lucro 20 vezes menor, vale 2,3 vezes mais.
Comparando os múltiplos de valuation como P/L e EV/Ebitda a discrepância é também impressionante.
Com um negócio rentável, crescente e uma gestão do dia a dia competente, o que falta à CSU? Falta ousadia de fazer aquisições de empresas com negócios digitais com potencial disruptivo. Dada a acelerada taxa de inovação nesse mercado, é necessário investir em crescimento inorgânico comprando inovação e ideias disruptivas absorvendo start-ups e/ou fintechs. As outras 3 empresas estão constantemente adquirindo empresas novas, criativas e inovadoras. O que potencializa geração de valor no mundo digital são inovação e escalabilidade.
Há uma expectativa no mercado de que a CSU adote em 2021 uma postura mais agressiva e passe a fazer aquisições assim. Claro, há um risco de execução relacionado a capacidade e competência da CSU em absorver e integrar as empresas compradas sem comprometer o potencial desses novos negócios. Entretanto não fazer isso implicaria em ficar para trás.
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Sobre o Autor: Claudio R. Cusin é Engenheiro Mecânico formado pela Poli
(USP) e Economista formado pela FEA (USP). É atualmente consultor de finanças
tendo trabalhado no mercado financeiro por 30 anos. Foi Diretor de Credito e de
Risco em vários bancos de investimento e comerciais. Email:
[email protected]