Após escrever história protagonizando um dos maiores cases de Turnaround da B³, a multinacional brasileira Taurus Armas S.A., negociada na bolsa brasileira através dos tickets TASA3 e TASA4, prepara-se para uma nova fase.

Uma estratégia de sucesso

Como parte do seu plano de reestruturação, no dia 05 outubro de 2018, a fabricante de armas informou que seu conselho de administração aprovou a emissão de 74 milhões de bônus de subscrição de ações preferenciais, com objetivo de reduzir o endividamento da companhia, que à época se aproximava de 800 milhões de reais.

Tais bônus foram divididos em 4 séries, denominadas A, B, C e D. Considerando o exercício de todos os direitos emitidos, a companhia estimou uma capitalização de aproximadamente 400 milhões de reais, conforme tabela a seguir:

Com a emissão dos bônus, foi garantido aos credores que a receita proveniente dos exercícios entraria no caixa da companhia na forma de “Receita carimbada” com destino certo: amortização da dívida.

Ratificando seu comprometimento com o turnaround da Taurus Armas, o acionista controlador manifestou compromisso de subscrever todos os bônus a que fizesse jus dentro do direito de preferência, e assim foi feito dentro dos prazos de vencimento, tendo exercido seu último lote de 5.000.000 de direitos (TASA17) com antecedência, conforme comunicado publicado em 16 de setembro de 2022 pela companhia.

O revés da emissão e o “grito de liberdade”

Se por um lado a emissão de direitos de subscrição gerou a possibilidade da redução direta do endividamento da empresa, também gerou uma “bola de ferro presa ao seu pé”. Apesar da uma valorização superior a 1800% desde o início de 2018 até o pico da valorização, em julho de 2021, acredita-se que essa valorização poderia ter sido maior. Tal fato é justificável pois, desde que os bônus foram emitidos, diversos acionistas adotaram a estratégia de vender suas ações PN, aproveitando a forte valorização, e utilizaram o resultado destas vendas para subscrever os bônus que detinham. Fato que marcou tal estratégia foram as vendas efetuadas justamente por parte do controlador, pois muitas vezes acabou minando um possível movimento mais acentuado de valorização das ações da companhia.

Uma empresa líquida

O equacionamento da dívida foi, sem dúvidas, o maior desafio da atual gestão da empresa, mas esse problema ficou no passado. A empresa vinha dando seguimento ao seu processo de reestruturação quando, em 2020, teve seu melhor momento de vendas, através da combinação de demanda aquecida nos EUA (seu maior mercado consumidor), aquecimento das vendas no mercado interno e o sucesso em licitações internacionais.

A capacidade em se adaptar e atender a altas demandas, a construção do condomínio industrial em São Leopoldo e o lançamento de produtos em novos nichos de mercado transformaram a antiga endividada Forjas Taurus S.A. na atual geradora de caixa Taurus Armas S.A., transformando a empresa em líder em indicadores e superando seus principais pares americanos.

Os atuais resultados entregues, mostram uma companhia fortemente geradora de caixa, o que fez com que saísse de um grau de alavancagem financeira de 11,2x ao final de 2018 para 0,3x ao final do 2° trimestre de 2022.

O Plano Estratégico de 5 anos

Cumprindo fielmente seu Planejamento Estratégico de 5 Anos – que visa aumentar a capacidade produtiva em 50%, torná-la um hub de produção de kits, peças e produtos acabados para as unidades dos EUA e da Índia, automatizar/robotizar os processos produtivos e transformá-la em uma indústria 4.0 – a multinacional gaúcha está investindo pesado em máquinas e equipamentos de última geração.

Em 2021, a empresa investiu R$ 181 milhões, sendo que máquinas e equipamentos representaram R$ 113 milhões. Para 2022, estão orçados R$ 170 milhões e, no 2º trimestre de 2022, foram investidos R$ 109 milhões, com máquinas e equipamentos representando R$ 68 milhões.

Assim, o total investido nesses itens no período que engloba o ano de 2021 e o de 2022 (até o 2º trimestre) foi de R$ 181 milhões.

Desse total, os maquinários destinados à produção no novo pavilhão que a empresa reformou e que se localiza na área adquirida pela Taurus no final de 2021, mereceram R$ 85 milhões. Este pavilhão tem aproximadamente 2.000 m2 e irá comportar as máquinas e seus processos inovadores.

O Mercado Internacional

A Taurus Armas, sediada no Brasil, tem filial em operação nos EUA desde os anos 80 e em breve sua nova filial indiana iniciará produção. A empresa tem hoje o mercado internacional como sua principal fonte de receita. A forte valorização do dólar frente ao real favoreceu também o crescimento avassalador da companhia.

Nos EUA, por meio do lançamento de novos produtos, a empresa tem ingressado em nichos de mercado em que, até então, não atuava. Tais produtos proporcionam maiores margens do que os anteriormente produzidos, sendo essa parte da filosofia dos novos lançamentos.

Na Índia, apesar de inicialmente a empresa ter como alvo o mercado civil (que já é imenso), a empresa já fez apresentações de seus produtos ao governo e já está habilitada a participar das licitações bilionárias que em breve ocorrerão no país.

Receita ordinária x receita extraordinárias

O que gera previsibilidade e consistência aos resultados da companhia?

Objeto de destaque da companhia, a Taurus sempre faz questão de frisar que seu maior mercado consumidor é o mercado civil, sendo este o seu público-alvo preferencial. Tal mercado possibilita maior previsibilidade de receita, além de maiores margens. Com isso, pode-se denominar tal receita de “receita ordinária”.

Além do mercado civil, como a empresa tem as melhores margens dentre seus pares, pode ter o privilégio de escolher quando e em qual licitação participar, seja para complementar uma eventual queda no faturamento ordinário, seja para potencializar a receita em determinado momento. Essa receita pode ser denominada de “receita extraordinária”.

Volatilidade e incertezas políticas nacionais

Ao contrário do que muitos ainda acreditam, como já foi mencionado acima, a Taurus não depende do mercado nacional, apesar de este possuir relevância e ter importância para a empresa, afinal se trata de uma multinacional brasileira.

Como as políticas nacionais pouco impactariam o faturamento da empresa, pode-se dizer que, independentemente de o governo ser de direita ou de esquerda, a empresa prosseguirá no magnifico trabalho que vem fazendo e que tais incertezas podem apenas gerar oportunidades para novos investidores se tornarem sócios dela.

Do turnaround aos dividendos

Apesar de especialistas apontarem um forte potencial de valorização para a empresa, apontando possibilidade de valorização superior a 100%, há casas de análises transferindo a recomendação de compra de Taurus para suas respectivas carteiras de dividendos.

O Estatuto da companhia estabelece o pagamento mínimo de 35% de dividendos, porém já ficou bem claro que este será tão agressivo quanto o crescimento da empresa, ficando então a expectativa que seja superior ao mínimo.

A Taurus do futuro

Diferente da empresa de 2018, hoje a Taurus se apresenta como uma empresa líquida, forte geradora de caixa, inovadora, tecnológica e agressiva. Em paralelo a isto, o encerramento do prazo para exercícios dos bônus de subscrição poderá ser o combustível extra que a empresa precisava para protagonizar uma nova ascensão na B³.

Vale sempre ressaltar que como a Taurus, trimestre a trimestre, supera as expectativas de analistas e acionistas, é possível dizer que, muito mais do que expectativas, ela tem entregado resultados sólidos que dão segurança a seus acionistas, independente de variações de curto prazo, tendo ainda muita munição a queimar.

Matéria escrita pelo parceiro Christian Lima, com a colaboração da LRCA Defense Consulting

Sobre o autor: Christian Lima é graduado em Engenharia de Produção pela Universidade Veiga de Almeida, Engenharia Civil pela UNESA e possui MBA em Gerenciamento de Projetos pela FGV. Atua no setor de construção civil há dez anos e no mercado de importação há seis anos. Estuda e investe no mercado financeiro há quatro anos.

NÃO SE TRATA DE RECOMENDAÇÃO DE COMPRA OU VENDA

*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal Small Caps

Siga nosso Twitter: https://twitter.com/portalsmallcaps

Instagramwww.instagram.com/portalsmallcaps

Assista os nossos vídeos no Youtube: https://www.youtube.com/c/PortalSmallCaps

Facebook: https://www.facebook.com/smallcaps

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui