Mesmo com crescimento e resultados recordes de seus principais indicadores, cotação atinge queda de 18% no ano e de quase 50% desde seu máximo do ano passado.
Resultado do terceiro trimestre não poderia ser melhor: crescimentos de 67,5%, 98,4% e 358% na receita líquida, ebitda e lucro líquido, respectivamente (dados consolidados). Roic recorde de 14,8%, dívida com alavancagem estável (mesmo com forte investimento – Capex Recorde) e muitas novidades nas empresas controladas. Resumindo: o melhor trimestre da história da companhia:
Porém, esses resultados não foram o bastante poupar a empresa das fortes quedas que atingiram a maioria das SmallCaps. De forma geral, houve muito pedido de resgate de investidores, o que forçou diversos fundos a venderem posições, prejudicando especialmente as que possuem menor liquidez.
Em reunião dirigida à investidores e analistas, tanto o controlador e presidente, Fernando Simões, quanto o DRI Dennys Ferrez, falaram sobre o momento atual da companhia, seus desafios e oportunidades para os próximos anos:
- Sobre importância do aumento da taxa de juros sobre os próximos resultados: quase 80% dos contratos de longo prazo da Simpar, possuem cláusulas que protegem contra a inflação, o que atenua o aumento de despesas financeiras, que são predominantemente atreladas ao CDI. Além disso, os ativos imobilizados estão registrados com um valor muito abaixo de seu valor real: R$ 15,5 bilhões contra R$ 20 bilhões, ou seja, R$ 4,5 bilhões que não aparecem ainda na contabilidade, valor que supera essa rápida subida de juros. Porém, importante destacar que pode haver algum descasamento no curto-prazo:
“…se olharmos, não de um trimestre para o outra, mas ao longo de um período de médio prazo, eu diria que isso aqui nos dará conforto para ter uma manutenção e continuar com a melhoria das nossas margens.”
Além disso, essa alta de juros tende a machucar mais os concorrentes do que ela, podendo até trazer novas oportunidades:
“…esse aumento de juros, por outro lado, pode nos dar grandes oportunidades de crescimento e na JSL, porque com o aumento de juros você tem mais dificuldade no crédito. E, infelizmente (…) tem muita gente que não faz conta. Quando você tem um empresário que não faz conta com dinheiro fácil e com o juro barato, pega qualquer negócio, e essa conta agora chega para ele. Por isso, pode nos dar grandes
oportunidades de crescimento dentro da logística.”
2. Quando o Capex de R$ 6,7 bilhões virará receita? A receita virá durante o ano de 2022, com retornos variando de acordo com os projetos, mas sempre acima de 15%. Além disso, 95% desse Capex é composto de ativos que vem tendo expressiva valorização:
“Eu sempre brinco que todo mundo vê a dívida, mas leva um período de no mínimo 15 meses a 18 meses para ver a receita inteira LTM, dos últimos 12 meses. Porque quando você faz o CAPEX você leva dois meses para ter implemento.”
3. O que fazer com o forte caixa da Holding? Como a dívida possui vencimento concentrado após 2030 (longo prazo), o caixa pode ser utilizado para alguma oportunidade que possa surgir no curto-prazo, com foco em movimentos estratégicos e de crescimento, especialmente nas empresas que não possuem capital aberto dentro do grupo. Além disso, serve para uma eventual emergência nessas empresas, já que 2022 é um ano com potencial volatilidade econômica. Segundo Denys: “eu acho que tem grandes chances (esse caixa) de trazer novidades no curto prazo em termos de crescimento.”
4. Há projeto da BBC criar um Banco Digital? O novo CEO, sr Paulo Caffarelli, veio para revolucionar a BBC, fazendo dela uma peça muito importante dentro do ecossistema da holding. Já há uma conta digital, na qual já são usadas mais de R$ 1 bilhão para pagamentos de fretes a terceiros e caminhoneiros, com baixo custo de cobrança, ajudando na fidelização dos mesmos. A questão de crédito pode ser o próximo passo:
“Temos olhado fintechs, o que vai dar a oportunidade de turbinar isso mais ainda na questão de crédito, mas com muita segurança e com muita solidez.”
5. E as Logitechs? Estão mais para risco ou para oportunidade? Há hoje, várias companhias criando soluções de logística, inclusive virando Unicórnios (startups com valor superior a U$ 1 bilhão. Porém, a Simpar não acha que um sistema que organiza soluções logísticas de forma on-line, buscando uma comunicação direta entre motoristas e empresas, irá prosperar ao estilo Uber:
“Eu brinco que a carga do Uber é o ser humano, ele desce e sobe sozinho. Então, você sabe que o Uber vai chegar porque ele está ali. O caminhão não, ele vai chegar para descarregar em um cliente que pode levar de 4 a 10 horas. Ele consegue ir na outra carga agendada?”
Apesar disso, a JSL já vem desenvolvendo seu próprio aplicativo:
“O aplicativo da JSL, o foco dele é caber ainda mais caminhoneiro usando o nosso aplicativo e termos a gente visibilidade dele. Com isso, teremos muito mais oferta de carga dos nossos clientes, assegurando a qualidade e eficiência da retirada junto aos nossos clientes.”
“É isso que nós estamos vendo e, não um aplicativo como agenciador. Temos sim, ficado atentos e cada vez mais na questão não só da digitalização dos nossos processos, mas sim na melhoria da nossa eficiência operacional e criar plataforma que nos dê escalabilidade para crescer ainda mais numa forma orgânica na oportunidade da logística, da maneira como estamos fazendo, mas também através de aquisições, o que nós não descartamos mais no futuro.”
Conclusão:
Fernando Simões segue bem otimista com o momento da companhia. Os investimentos recordes atuais tendem a se materializar na manutenção do crescimento da companhia. Será um “novo ciclo independente do cenário econômico no Brasil”, nas suas palavras. Objetivo é um crescimento saudável, com evolução da estrutura de capital, mas sem perder as oportunidades que surjam pelo caminho.
De nossa parte, percebemos o papel negociando com múltiplos bem abaixo de seu histórico, o que costuma indicar que o mercado desconfia da manutenção desse crescimento. Se você confiar no crescimento, isso poderá ser uma oportunidade de investimentos. De preocupante, um cenário de manutenção de altas taxas de juros costumam castigar empresas mais alavancadas.
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NÃO SE TRATA DE RECOMENDAÇÃO DE COMPRA OU VENDA
Sobre o Autor: Victor Kietzmann Junior é Economista formado pela FEA e atua individualmente há mais de 20 anos no mercado de ações.