Aproveitando-se de um momento ímpar em sua história, Irani, assim como todo o setor, não está conseguindo dar conta da elevada demanda pelos seus produtos (papel e papelão ondulado), seja pela mudança de comportamento (e-commerce e deliverys), seja pela retomada econômica com estoques reduzidos.

Nesse contexto, a companhia se capitalizou em um follow-on (quase que um IPO dada a baixa liquidez anterior) e apresenta uma combinação interessante: crescimento com boa distribuição de proventos.

Conversamos com exclusividade com Odivan Carlos Cargnin, Diretor administrativo, financeiro e de RI e Mariciane Brugneroto, analista de RI da empresa, para que nossos leitores entendam melhor o momento atual da Irani:

1) Teria como vocês explicarem melhor sobre os 2 principais produtos da empresa – Papel para Embalagem e Papelão Ondulado? Quais são os produtos finais produzidos por eles e quais os seus principais clientes?

Os Papéis para Embalagens são utilizados principalmente para fazer sacos e sacolas, tais como sacolas de lojas de shopping (aquela sacola marrom que as lojas usam), sacos para delivery (utilizados por Uber Eats, Rappi, o saco marrom do drive thru do Mac Donand’s) e saquinhos de pão. Já o Papelão Ondulado são as caixas de papel, utilizadas para transporte especialmente pelo setor de alimentos. Nesse segmento alguns dos nossos clientes são a BRF, Nissin, Aurora, Seara (JBS) dentre outros.

 
2) Especialmente no segundo trimestre, a companhia se aproveitou bem de uma combinação de demanda mais fraca em alguns produtos no Brasil e dólar forte, e acabou exportando acima de sua média recente. Como vocês pretendem se posicionar a partir de agora em relação ao mercado externo?

Nossa prioridade é o mercado interno, onde os produtos geralmente tem margens melhores. No 3º trimestre o volume de exportação já voltou aos níveis históricos e devemos manter isso para o futuro.  

 
3) Sobre os novos projetos, teria como detalhar uma ordem de grandeza de incremento esperado de receitas e redução de custos, tendo como base valores atuais?

Os projetos buscam reduzir custos e ampliar capacidade de produção. Teremos um aumento de 23% na capacidade de produção de embalagem de papelão ondulado, 29% no aumento da produção de celulose e nos tornaremos autossuficientes em energia renovável. Mais detalhes sobre os investimentos da Plataforma Gaia vocês podem encontrar em www.irani.com.br/gaia.

 
4) A política de dividendos da Irani prevê um payout de 50% do lucro líquido, o que já poderia trazer um DY significativo para uma empresa em momento de crescimento. Vocês pretendem manter essa política mesmo com os expressivos Capex que serão exigidos a partir de agora? Qual o nível de alavancagem considerada ideal para vocês?

Nossa Política de Gestão Financeira, disponível no site de RI (www.irani.com.br/ri) estabelece uma alavancagem meta de 2,5x Divida Liquida/EBITDA. A Política de Distribuições de Dividendos e de Juros sobre o Capital Próprio, também disponível no site de RI, estabelece que a distribuição de dividendos poderá ser de até 50% do Lucro Líquido, desde que a meta de alavancagem de 2,5x seja cumprida. Nosso plano é manter a alavancagem abaixo desse limite mesmo durante a execução do plano de investimentos da Plataforma Gaia.  

 
5) O 3 trimestre, apesar do crescimento de receita, trouxe uma retração nas margens da companhia, explicada principalmente pelo aumento de preço das aparas (papel reciclado, que representa 70% da matéria-prima utilizada pela empresa). De que forma a empresa está buscando refazer essas margens? Como está o comportamento da oferta e preços das aparas nesse momento?

As aparas representaram no 3º trimestre 36% do custo de produção de papel. E o papel representa 77% do custo de produção de papelão ondulado. As aparas de fato subiram um pouco mais de 20% em 2020, até setembro. O setor todo está se movimentando para reajustar preços e compensar esse aumento de custos. A demanda por papelão ondulado, como noticiado, está bem forte.

 
6) A irani possui representativos ativos florestais. Haveria espaço para eventual alienação de parte desses ativos, que poderiam não estarem sendo utilizados? Ainda nessa linha, a companhia estuda também a alienação do segmento de resinas, cuja representatividade no grupo é de apenas 8% e com grande volatilidade de preços?

As terras e florestas da Irani são essenciais para a garantia do suprimento florestal e estabilidade dos seus custos de matéria prima. Não temos planos de alienação destes ativos. O segmento de resinas, embora não seja “core” apresenta boa rentabilidade. Eventualmente pode ser alienado.  

 
7) Qual o perfil de investidor que, na visão de vocês, deveriam estudar investir nos papeis da companhia?

Aquele investidor que busca a segurança de uma empresa de valor (value investing) com fluxo de dividendos, mas que também gostaria de surfar com o crescimento (growth), especialmente dos lucros. A Irani oferece um “combo” bem interessante para esse perfil. Importante salientar que a maturidade dos investimentos nesse setor leva alguns anos. Não é para curto prazo.      

 
8) Vocês acreditam que a migração para o Novo Mercado acontecerá ainda no ano de 2020? Quais etapas ainda estão faltando para que isso ocorra?

Sim, no dia 04 de dezembro a B3 aprovou a migração para o NM conforme Fato Relevante divulgado. Agora só falta a conversão das ações PN em ON, que levará alguns dias, e o processo estará concluído.

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NÃO SE TRATA DE RECOMENDAÇÃO DE COMPRA OU VENDA

Sobre o Autor: Victor Kietzmann Junior é Economista formado pela FEA e atua individualmente há mais de 20 anos no mercado de ações.

1 COMENTÁRIO

  1. Gostei muito das matérias postadas, as visões abordadas foram bem técnicas e muito útil, vou ler em casa com mais calma e anotando os itens mais interessantes
    Gostaria de segui-lo para acompanhar as demais publicações
    Parabéns

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