Após subir incríveis 140%, papel devolve toda alta e passa a cair no ano, mesmo com resultados recordes. Mercado estaria com medo do futuro industrial brasileiro?

O cenário não poderia ser mais desafiador. Após enfrentar bem o cenário de Covid, entramos em crise política, inflação acima da meta, perspectiva de desaceleração no PIB e, o mais perigoso para os investimentos industriais: alta de juros.

Tendo em vista esse cenário negativo, vamos analisar o momento atual da Romi, bem como as perspectivas para os próximos resultados.

Resultados Atuais

O faturamento vem alcançando níveis recordes, graças principalmente ao mercado interno, que atingiu R$ 260,3 milhões de um total de R$ 366,6 milhões de receita líquida, o maior resultado trimestral dos últimos anos.

O Ebitda e Lucro Líquido ajustados também alcançaram fortes resultados, apesar da ligeira desaceleração de margem, causada basicamente pelo aumento de custos de produção, especialmente matérias-primas, que respondem por 78% dos custos da companhia.

Múltiplos:

Com valor de mercado de R$ 1,1 bilhões, a Romi apresenta

P/L de 4,7x

EV/Ebitda de 6,5x

DY de 11%

Seu endividamento se encontra controlado, representando 0,3x Dív Líquida / Ebitda (dívida líquida excluindo Finame Fabricante – é uma dívida tomada pelos seus clientes com aval da Romi).

Analisando-se pela média do setor, seus múltiplos estão descontados, indicando que o mercado acredita em um declínio de seus números. O que já podemos antecipar sobre o futuro?

Perspectivas Futuras

A companhia, até o momento, mantém forte otimismo sobre os próximos resultados, apesar dos já citados desafios citados no início da matéria.

A carteira de pedidos segue crescendo, tanto em relação ao mesmo trimestre de 2020 (alta de 54,8%), quanto em relação ao 2t21 (alta de 8,3%).

Importante reforçar que o setor que mais cresceu na carteira foi a Máquinas Romi, justamente a que possui as melhores margens da companhia.

Outro indicador importante para antecipar investimentos industriais é o Índice de Capacidade Instalada: quanto mais alta a utilização das indústrias, maior a necessidade dos empresários investirem na sua expansão (desde que acreditem que haverá demanda para tal, que será analisado no gráfico a seguir):

Esse talvez seja o indicador mais importante para analisarmos a tendência de investimentos do setor: quanto mais confiante no futuro da economia, mais o empresário investe. Apesar de oscilante, o Brasil ainda se encontra em bons níveis históricos.

Após apresentar os resultados do 3T21 aos investidores e analistas, a companhia respondeu diversas dúvidas:

  • Confiança: companhia segue confiante para os próximos resultados. Os pedidos de orçamento no 4t21 seguem em ritmo forte, tanto no Brasil quanto no mundo;
  • Cancelamento de pedidos: a empresa ainda não recebeu pedidos de cancelamentos e/ou adiamento de pedidos, indicando uma conversão dentro do esperado da carteira em receitas;
  • Custos de matéria-prima, frete e energia vem cedendo nesse final de ano, o que poderá contribuir para manutenção/expansão de margens.
  • Falta de Componentes: a Romi vem atuando ativamente na parte de supply chain (cadeia de suprimentos), garantindo assim sua capacidade produtiva.

Assim como em diversas outras empresas, percebemos uma forte divergência entre o otimismo das empresas (economia real) e a dos investidores da Faria Lima. Quem estará certo?

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NÃO SE TRATA DE RECOMENDAÇÃO DE COMPRA OU VENDA

Sobre o Autor: Victor Kietzmann Junior é Economista formado pela FEA e atua individualmente há mais de 20 anos no mercado de ações.

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