Ela tinha tudo para ser uma das queridinhas pelo mercado: ramo promissor, margens elevadas, baixo endividamento e ótimo pipeline futuro. Porém, pouco mais de 2 anos após o IPO, o papel já caiu mais de 70% até o momento. Trata-se de empresa ruim ou oportunidade?

Através do modelo “open innovation”, o Grupo Biotoscana (gbio33) busca o licenciamento de medicamentos de algumas das principais farmacêuticas mundiais, além do desenvolvimento próprio de genéricos. Assim, fica protegido na vigência da patente, e desenvolve o próprio genérico após o seu encerramento.

O que deu errado até o momento?

  • Um de seus principais parceiros, a Actelion, não renovou seu contrato. Seus produtos representavam na época 15% da receita da companhia. Mais do que a perda financeira, o mercado passou a precificar o risco de novas perdas de parceiros;
  • Paralelo a isso, veio a crise da Argentina, que além de atrapalhar as vendas, ainda trouxe efeitos contábeis decorrentes de economias hiperinflacionárias:  reconhecimento de ajustes tanto pela inflação, quanto pela depreciação cambial

Com isso, a expectativa de crescimento foi trocada por uma decepcionante queda nos resultados.

O que esperar para o futuro?

Excluindo os produtos da Actelion, o 2 trimestre do ano teve crescimento de 21% de receita em moeda constante. Nesse mesmo trimestre, houve também evolução de 89% sobre os produtos recém lançados. Sobre essa última questão, vamos aprofundar o tema.

fonte: site Biotoscana

Conforme o gráfico, percebemos que, após o lançamento, há uma expectativa de que o produto demore 5 anos para atingir o auge de sua receita. Dessa forma, esse crescimento de receitas dos produtos no estágio de lançamento são de suma importância para os próximos resultados.

O México, que atualmente representa 2,2% da receita, é tida como uma das principais apostas. Nesse trimestre, já apresentou crescimento de 59%, evolução que deverá se manter nos próximos resultados. Nesse sentido, o Brasil segue sendo o país mais representativo, com 52,2% do faturamento.

E quanto ao risco de nova perda de parceria relevante?

Acreditamos que a perda da Actelion tende a ser um caso isolado. A maioria dos parceiros da empresa possuem relacionamento antigo. Apesar de não serem dadas informações oficiais sobre os contratos, imaginamos que os mesmas possuam duração coincidentes com o período de sua patente.

Indicadores Financeiros

Comentários

A situação da Argentina encontrou-se ainda pior nesse 3 trimestre, o que deverá gerar nocivos efeitos no respectivo resultado, devido à ajustes inflacionários e de depreciação cambial.

Por outro lado, trata-se de um segmento com alta perspectiva de crescimento na América Latina, foco da empresa. Sua expertise em lidar com as burocracias nas aprovações de medicamentos de cada país, somados ao relacionamento com os médicos e com a indústria farmacêutica, constituem importantes barreiras de entrada contra novos entrantes no mercado.

NÃO SE TRATA DE RECOMENDAÇÃO DE COMPRA OU VENDA

Sobre o Autor: Victor Kietzmann Junior é Economista formado pela FEA e atua individualmente há mais de 20 anos no mercado de ações.

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