A PGB S.A foi fundada como “Portobello” em 1979 no município de Tijucas-SC.  Atualmente possui duas plantas, em  Tijucas (SC) e em Marechal Deodoro (AL).  É um dos maiores grupos do setor cerâmico brasileiro.  Produz e comercializa revestimentos cerâmicos e porcelânicos e presta serviços complementares para aplicação no ramo de materiais de construção civil. Opera uma rede varejista com cerca de 150 lojas, entre próprias e franquias. Possui mais de 2.600 colaboradores.

Receitas e margens

A Receita Líquida de R$ 1,1 bilhão em 2019 registrou uma margem bruta de 32,5%. Em 2018 havia sido 37,8%.  Essa queda substancial deve-se sobretudo ao aumento do preço do gás natural (principal item se sua matriz energética) que representa 22% dos custos totais.  Este é um dos maiores desafios da companhia pois a substituição do gás por outro combustível, na escala industrial da Portobello, não é simples nem barata.

O gás é fornecido pela “SCGás Companhia de Gás de Santa Catarina” que por sua vez o adquire da Petrobrás que detém praticamente o monopólio deste produto no Brasil.  O contrato Petrobrás-SCGás foi renovado agora em 31-Mar.  A Portobello irá renovar o contrato com a SCGás até 12-Jun.  A chamada “tarifa do gás” inclui não só o preço da gás (hidrocarboneto) mas também vários outros itens o que eleva substancialmente o preço para a Portobello.

O gráfico mostra o comportamento dos preços internacionais do gás natural.  Do seu pico em 5-Nov ele havia caído 42% ate 31-Mar.  A “guerra de preços” do petróleo entre Russia e Arabia Saudita teve um papel importante nessa queda.  A crise econômica da pandemia deve manter os preços do gás em níveis baixos.  Resta saber qual o repasse desta queda que a Portobello conseguirá obter. 

A médio prazo a companhia espera ver a criação de um mercado livre de gás no Brasil o que possibilitaria uma redução substancial desse seu principal custo.

O EBITDA anual reportado pela companhia na tabela acima – R$ 129 milhões com margem de 11,6% – está ajustado por eventos extraordinários como ganho da ação eliminando PIS e COFINS da base de ICMs e recuperação de creditos tributários.  O EBITDA recorrente foi de apenas R$ 77 milhões  com margem de 7,0%.

O Lucro Líquido de 2019 foi de R$ 13 milhões (margem de 1,2%) versus R$ 134 milhões (margem de 13%) em 2018.

Endividamento e alavancagem

A Portobello reporta um Endividamento Bruto de R$ 812 milhões. No cálculo do Endividamento Líquido de R$ 427 milhões , alem da Disponibilidades (R$ 284 milhões) deduz também o valor de R$ 101 milhões a receber da Refinadora Catarinense S/A que foi controladora da PBG S/A no passado e atualmente possui acionistas em comum.  Consideramos este ultimo item não tão certo e líquido como Caixa.  Um Endividamento Líquido de R$ 528 milhões nos parece mais conservador. 

Para o cálculo da alavancagem preferimos o conceito de EBITDA recorrente (R$ 77 milhões) porque é um melhor indicador da capacidade da empresa honrar a sua dívida ao longo dos anos. 

Assim, usando a nossa concepção de cálculo, o índice Dívida Líquida/EBITDA para a Portobello em 2019 ficou em 6,8 x, uma alavancagem extremamente alta.

Perfil dos vencimentos da dívida

Trata-se de uma boa distribuição dos vencimentos ao longo dos próximos 5 anos e deixa a empresa numa posição adequada.  O Caixa cobre com sobras 100% dos vencimentos em 2020. 

Também o seu índice de Liquidez Corrente – 1,4 x – traz conforto, desde que os seus Recebíveis de R$ 252 milhões performem adequadamente e seus Estoques possam ser comercializados sem grandes problemas.

Como vimos ponderando nos últimos posts o distanciamento social imposto pela epidemia terá consequências imprevisíveis para cada empresa.  Isso torna a capitalização, a liquidez e a alavancagem mais importantes que receitas e margens passadas como qualidades para enfrentar os próximos meses. 

Portanto  a situação da Portobello é favorável sob o ponto de vista de liquidez de balanço mas delicada no aspecto de alavancagem.

Na conferencia de apresentação do 4T19 a Diretoria reconheceu a gravidade da crise econômica e prometeu toda disciplina e prudência na gestão do caixa e na redução de custos e despesas.  Esta mentalidade é uma boa receita para a superação dos seus grandes desafios dos próximos trimestres.

Nota:  Este post foi elaborado a partir de informações obtidas da central de download da área de RI da PGB.

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NÃO SE TRATA DE RECOMENDAÇÃO DE COMPRA OU VENDA

Sobre o Autor: Claudio R. Cusin é Engenheiro Mecânico formado pela Poli (USP) e Economista formado pela FEA (USP). É atualmente consultor de finanças tendo trabalhado no mercado financeiro por 30 anos. Foi Diretor de Credito e de Risco em vários bancos de investimento e comerciais.

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